Há pouco menos de duas décadas, usar o celular no escritório para ligar a luz de casa ou abrir as cortinas da sala eram ações tão futuristas que estavam limitadas à criatividade dos autores do desenho Os Jetsons. Hoje a automação residencial é realidade, tanto que, com um investimento inicial de R$ 10 mil é possível tornar um pedacinho da casa “inteligente” o bastante para facilitar a vida da família.
Esse é o serviço prestado há 19 anos pela Tecsul, empresa com sede em Florianópolis e segunda do ramo de automação no Brasil. A tecnologia importada de países como Canadá, Estados Unidos e Inglaterra permite que, por exemplo, a pessoa programe o ambiente ideal para chegar em casa depois do trabalho. Basta ter um celular com tecnologia Android ou iOS, no caso de produtos da Apple, para baixar o aplicativo. O gerente comercial da empresa, Maykow Borges, explica que é possível – em um único clique no celular – ligar o ar-condicionado na temperatura preferida, fechar as cortinas e deixar a televisão no canal e volume desejados. “Hoje qualquer espaço da casa pode receber automação”, garante o gerente comercial.
Mas não são apenas nesses pequenos “luxos” que a inteligência residencial atua. A tecnologia é aliada em questões de segurança. Maikow explica que é possível controlar do celular ou do computador, a qualquer distância, as câmeras de casa. “Temos clientes que procuram esse serviço para controlar babás ou cuidadores de idosos”, comenta o gerente.
Até mesmo as fechaduras podem ganhar detalhes importantes quando o assunto é automação e segurança. Durante a Construfair /SC, a Puxare, empresa que vende acessórios para construção, apresentou uma nova forma de trancar a casa. A fechadura biométrica só pode ser aberta com a leitura da impressão digital. É só aproximar a ponta dos dedos para liberar a entrada. Novidade que tem chamado atenção, principalmente, de quem tem empregados domésticos. Com a nova lei, onde é exigido o controle de horários dos colaboradores, a fechadura pode ser uma grande aliada. Em um dos modelos, é possível até imprimir os horários e saber quem entrou em casa e quanto tempo permaneceu nela. O custo médio da novidade, dependendo do modelo, é de R$ 2 mil.
Custos em baixa
Apesar de ainda ser um serviço de custo alto, quem trabalha no setor de automação garante que os valores baixaram significativamente na última década. Em média, 20% de redução, justificada pela alta concorrência de produtos semelhantes vindo do exterior, principalmente da China.
O gerente comercial da RexDecor, Clóvis Moreira, oferece o serviço de persianas automatizadas. Elas podem ser abertas ou fechadas apenas com o controle remoto. “Esse tipo de produto vale a pena porque ele dura mais, afinal, não está o tempo todo sendo manipulado”, define. Hoje a compra de um motor que realiza o movimento das persianas é de R$ 800, dependendo do modelo. “Quando começamos, somente o motor custava R$ 2 mil. Os preços caíram muito, o que permite que mais pessoas utilizem da tecnologia”, afirma.
Na Tecsul os projetos começam a ser orçados em R$ 10 mil, com a automação básica de um ambiente, com controle de som, iluminação, som e televisor. “Costumamos negociar muito com o cliente. Não há um parcelamento fechado, sempre conversamos para avaliar o quanto ele pode pagar no momento”, destaca o gerente comercial da empresa, Maykow Borges.
Ambientes comuns de condomínio despontam como novo filão
Uma forma de baratear ainda mais o custo da automação é aplicá-la em ambientes comuns de condomínios. Garagens com portões eletrônicos controlados por senha, iluminação ou até o cuidado com o jardim podem ser inteligentes.
O gerente comercial da Tecsul, Maykow Borges, desenvolveu um sistema de automação em um condomínio no bairro Coqueiros, em Florianópolis. Por exigência dos moradores, eles aplicaram uma tecnologia que reduz o volume dos aparelhos de som no salão de festas exatamente às 22h. “Assim eles nunca mais terão problemas com o barulho das festas até altas horas da madrugada”, explica.
Até mesmo para o barulho do abre e fecha das garagens de condomínios há solução. A DS Doors, oferece no Brasil uma opção de portão eletrônico que não emite nenhum som. Além disso, o produto é acionado com controle remoto ou por meio de senhas. “Nossos clientes querem ter conforto e também garantia de segurança”, destaca o gerente comercial, James Carlos Bernardi.
Há possibilidade até de controlar os acessos de quem entrou ou saiu pelo portão do condomínio. O diretor comercial daInbuildtech, empresa do segmento de automação de Balneário Camboriu, Luiz da Silva Júnior, lembra ainda que é possível até criar um sistema onde o próprio controle remoto do morador pode emitir um sinal sonoro para o vigilante no caso de uma situação de risco.
Perfil do cliente muda e passa a ser público jovem
Com a popularização da automação, as empresas do setor têm percebido uma mudança no perfil dos clientes. Hoje são os jovens, recém-casados, que procuram pela tecnologia para equipar a casa ou o apartamento.
“Antes os nossos consumidores eram homens bem-sucedidos que começavam a se interessar por tecnologia. Essa situação mudou com a chegada dos jovens que vem desde o berço usando celulares”, garante o diretor comercial da Inbuildtech, Luiz da Silva Júnior.
Apesar do aumento na procura, são os profissionais da arquitetura os grandes divulgadores das possibilidades de uma “casa inteligente”. A arquiteta do escritório DUE Arquitetura e Interiores, Sabrina Sedrez, explica que os clientes não conhecem a tecnologia. “De dois anos para cá houve uma oferta maior, o que barateou o custo final”, destaca.
A arquiteta lembra ainda que, mesmo em um apartamento ou casa que está pronto, é possível fazer a instalação de sistemas de automação, sem a necessidade de uma reforma completa. “A chegada da automação wireless (sem fio), é possível levar facilidade e conforto para uma gama maior de clientes para evitar quebradeiras. Mas, certamente, fica mais fácil quando pegamos o projeto ainda no início da obra”, salienta.